Podengo Português

 

  •    Três tamanhos possíveis, dois tipos de pêlo e muitas cores à escolha. Talhado para a caça, este cão vivo, alegre e determinado é conhecido pelo tirateimas, pois, no terreno, não desiste da presa e, se ela existir, ele vai encontrá-la, por mais difícil que seja o acesso. Em casa, é um companheiro inteligente, obediente e afectuoso.

Origem
  •    Antigas gravuras faraónicas, onde figuram cães com o perfil físico do actual Podengo Português, fixam como provável a teoria de que teve origem no alto Egipto, onde muitas outras raças terão sido seleccionadas com base na sua funcionalidade. A do Podengo Português, está bom de ver, era a sua vocação de caçador. A partir da terra dos faraós, estes cães terão chegado à Ásia Menor, terra de fenícios, de onde, a partir d e 700 anos a.C., ter-se-ão espalhado por todo o norte de África, chegando depois à zona do Mediterrâneo e à Península Ibérica, quem sabe, pela mão dos árabes. Foi aqui que encontraram um conjunto de factores propícios à sua disseminação: o clima, a geografia do terreno e uma extraordinária abundância de coelhos, um dos sustentos das populações locais, que não tardaram em perceber a vantagem de ter estes cães como parceiros de caçadas. Era o início de uma bela e longa amizade, ainda hoje uma realidade no nosso País. Aqui, granjearam fama e tornaram-se importantes na economia local, numa época remota, em que era importante prevenir pragas de ratos, proteger as colheitas e garantir a subsistência. Fomos depois nós quem o apresentou ao mundo. O Podengo Português, na qualidade de cão rateiro, tinha honras de tripulante nas caravelas, onde tinha como função manter as provisões isentas de roedores. Razão pela qual há registos da raça no Brasil, África Central e mesmo na Índia. O seu passado de navegador, comprova-se ainda em território nacional, já que a sua distribuição geográfica é mais notória no Alto Alentejo, Estremadura e a norte do Rio Douro, ou seja, ao longo das rotas comerciais fluviais que se efectuavam, então, ao longo dos maiores e mais navegáveis rios do País: o Tejo e o Douro.
História
  •    Acredita-se que a evolução do podengo se aperfeiçoou há mais de mil anos, uma vez que, desde então, são relatadas as mesmas características que lhe encontramos hoje. É já no reinado de D. Sancho I, em 1199, que surge a primeira nota escrita sobre a raça, o que atesta o facto de também ser um dos eleitos da nobreza, com presença garantida nas matilhas reais, não obstante o apreço popular pela raça. Na verdade, tem mais características de cão do povo, com o qual partilhava dificuldades e privações, sem denunciar problemas de saúde ou desvios de carácter. Razões de sobra para constar desde 1902, aquando da realização das primeiras exposições caninas em Portugal, nos principais certames caninos. O estalão da raça seria aprovado em 1955 e logo em 1956, no primeiro Livro de Origens Português (LOP), surgem os primeiros registos de Podengos. Neste capítulo, resta acrescentar que é um cão do tipo primitivo livre de manipulação outra que não a selecção natural, o que faz com que esteja isento de qualquer tipo de deficiência genética ou doenças hereditárias. Um produto nacional de raça, que se enquadra bem no slogan O que é Nacional é Bom.
Morfologia
  •    Existem três tamanhos de Podengo Português, a saber, grande, médio e pequeno com dois tipos de pêlo possíveis em cada um deles, o liso e o cerdoso. O primeiro vai dos 55 aos 70 centímetros para um peso máximo de 30 quilos, o segundo mede entre 39 e 56 centímetros e não excede os 20 quilos, e o pequeno situa-se entre os 20 e os 30 centímetros de altura, não ultrapassando os seis quilos de peso. O pêlo liso é mais usual a norte, uma vez que é mais impermeável à chuva e à humidade, e o cerdoso é mais frequente nas paragens quentes do sul, pois permite uma melhor protecção ao calor, demorando mais tempo a secar. Mais uma vez, é a Natureza a determinar características. Enquanto as variantes grande e média descrevem um cão quase quadrado e corpulento, a pequena apresenta um cão sub-longilíneo, mais comprido do que alto, e de pequena corpulência. O que se mantém, em todas elas é a cabeça piramidal quadrangular de onde despontam orelhas erectas. A cauda, em foice, termina um corpo bem musculado de aspecto rústico, de trote ligeiro e movimentos ágeis. À excepção do branco total, quase todas as variantes de cor são possíveis, unicolores ou com manchas brancas. São cães de uma enorme vivacidade, sóbrios e inteligentes. Todos eles são exímios caçadores. Os podengos médios, ditos coelheiros, são utilizados para a caça ao coelho, sozinhos ou em matilha, enquanto os grandes se aventuram na caça maior. O pequeno tem uma aptidão única para procurar coelhos nas tocas. À parte esta sua inclinação natural, todos eles são óptimos companheiros e cães de vigia.

É um cão de tipo faraónico, originário do Egipto

Temperamento
  •    A rusticidade da raça determina, em boa parte, o seu comportamento. São cães de faro e ouvido apurados, muito resistentes fisicamente. Convivem e trabalham bem em matilha, pelo que convivem bem com outros animais. Pode dispensar-lhes algum treino, mas não para a caça, onde a sua aptidão é nata. O médio revela-se mais independente e reservado do que a variante pequena, mas tal como os seus outros dois congéneres é um óptimo companheiro e um bom cão de guarda. Inteligente e vivo, ele dispensa grandes cuidados, pois é igualmente obediente, afectivo, amigável e alegre. Provam-no o facto de ter protagonizado vários filmes de Hollywood, indústria conhecida pelo seu grau de profissionalismo e exigência. O Podengo Português médio entra, ao lado de Pierce Brosnan, no filme O Cume de Dante, para citar apenas um de entre muitos outros filmes e séries televisivas norte-americanas onde é estrela.

Prós e Contras
  •    É uma raça saudável, muito resistente a doenças e às variações de temperatura, destemida e que exige pouca manutenção. Apresenta uma enorme variedade de cores e tamanhos e o pêlo, de uma única camada, é uma enorme vantagem na altura da muda. Qualquer um dos tamanhos se adapta bem à vida dentro de casa, onde a sua alegria, vivacidade, inteligência e trato afectuoso fomentam relações de grande cumplicidade e lealdade. Ladra pouco, é muito apegado aos donos, lida bem com crianças e outros cães e não teme a vida na cidade, além de que aprende muito facilmente. A única desvantagem é mesmo se ainda não tem um.